sábado, 25 de maio de 2013

Privada de distração

Privada de distração, procurou a igreja. Ia à missa das seis mas também assistia à das sete e à das oito. Voltava ao meio-dia para o Angelus e à  noite para a benção e para a reza. De capela em capela fazia suas orações. Ficava mais tempo diante da imagem de Santo Antônio, cujo altar ela floria, de alto a baixo, todas as terças-feiras. Carregava mais de dúzia de livrinhos de devoção, colecionava novenas de todos os santos do céu. Trazia bentinhos, relíquias e escapulários pendurados no peito por uns seis ou sete alfinetes de mola. O rosário de contas de lágrimas na mão, seus lábios repetiam, incansavelmente, mistérios gozosos, dolorosos, gloriosos.



QUEIROZ, Maria José de. Amor cruel, amor vingador. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 125.