domingo, 17 de novembro de 2019

Maria José de Queiroz no Manual de sobrevivência, de Angelo Machado



Referência a Literatura e o gozo impuro da comida, 1994, de Maria José de Queiroz, no excelente Manual de sobrevivência em recepções e coquetéis com bufê escasso, de Angelo Machado.

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O livro de ensaios A literatura e o gozo impuro da comida trata das relações entre a bibliografia literária e a comida. Antes, Maria José de Queiroz publicou A comida e a cozinha, ou Iniciação à arte de comer, em 1988, e sobre ele Guilherme de Figueiredo afirmou: “primeiro livro brasileiro de gastrologia: de evolução da arte culinária associada à arte da gastronomia”. Sua segunda publicação no tema da culinária também é “obra inaugural”, segundo Isaac Cohen, da Quinzaine Littéraire. Para o crítico, trata-se de um ensaio sobre o sistema da comida nas suas relações com a palavra: ambiguidade, apetite, prazer, fome, glutonaria. “Mercê do testemunho dos grandes autores, [acrescenta Cohen] penetramos no ventre da humanidade. E experimentamos, na sua companhia, todos os prazeres do palato e do olfato: com as personagens de Homero, na Ilíada e na 'Odisseia; com Sócrates e Alcibíades, no Simpósio; na Roma de Nero, com Petrônio. [...] Embora intrusa no banquete da civilização, a cultura brasileira também sucumbe à mesa de Aluísio de Azevedo, de Raul Pompéia e, até mesmo, quem diria?, à mesa do dispéptico Machado de Assis. Do canibalismo futurista e modernista, passamos às grandes ilhas gastronômicas do Brasil: com José Lins do Rego, Jorge Amado, Pedro Nava e Érico Veríssimo.” Para além dessa avaliação, o livro de Maria José de Queiroz, abre inúmeras possibilidades de relação entre literatura, cultura e comida.  (Lyslei Nascimento)