domingo, 24 de julho de 2016

Alforria


Alforria:
recuperar intimidades
escravizadas a alheio mando;
mobilar de eu e migo
as veredas da alma;
deixar de meter tu e tigo
em toda fiada ilusão.

Reencontrar-se
no ritmo recolhido
das carícias,
no grave olhar,
na acorde harmonia
de pessoa e máscara.
Reassumir nos ombros
o exercício dos braços.

Tudo volta ao antigo posto:
a liberdade corre às pernas
e instala-se no calcanhar.

Os pés demandam caminhos
na avidez de povoar de espaço
os rastos intervalares.

Paris, janeiro, 1970.