Ninguém desce impune do pedestal doméstico, pois a descida supõe perda
de privilégios. A conservação do poder exige talento, força e
obstinação. Mas isso não é tudo. O chefe depende da docilidade dos
comandados. Num primeiro estágio. Com o passar do tempo ele deve contar
com a adesão apaixonada. O poder exercido sem objeções e sem protestos,
num vazio onde a voz do mando se prolonga em ressonâncias, torna-se
intolerável."
domingo, 6 de março de 2016
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Mariana, 1752
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Alfinetes
Se não temos ouro... Que podemos oferecer à Soberana para os seus alfinetes? A cabeça do Alferes vale ouro. Muito ouro! Está cheia de ouro! As fundições do Reino vão fundir alfinetes de ouro para a Soberana. Para quê moedas? Com o ouro da cabeça do Alferes vão fundir alfinetes, infinitos alfinetes. Todos de ouro. A Soberana terá alfinetes para a sua cabeça, para as suas almofadas e para o seu coração. Sete alfinetes de outro atravessam o seu coração. Ou o meu... Nem sei mais. Quanta desigualdade!
QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. São Paulo: Marco Zero, 1987. p 155.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Olhos baixos
O Mal só vem daqueles que nada fazem por mal. É sempre assim. Enfim, nada mais sei para ensinar a você. Sua educação está terminada. E sua instrução já é de sobejo. Você pode levantar os olhos. Pode levantar a voz. Eu estou cansada. Muito cansada. Passei a vida com os olhos baixos. Conheço as pedras das calçadas de Vila Rica e de Antônio Dias. Conheci as tábuas e o chão da casa do Alferes, da casa da minha mãe na Rua da Ponte Seca, da fazenda do Senhor Anacleto e de todas essas casas por onde passamos. Isso me pesa. Só levanto os olhos quando a revolta arrebenta. Só levanto a voz quando me vem vontade de ferir e matar.
QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. São Paulo: Marco Zero, 1987. p 196.
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