QUEIROZ, Maria José de. Os males da ausência ou A literatura do exílio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998, p. 17.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
A língua capta o mal
A língua capta o mal, é certo. Impregna-se dele. Os povos primitivos, estranhos à galáxia de Gutenberg, os judeus, os russos, os orientais e indianos provaram-lhe a crueldade. A língua do colonizador, do tirano e do opressor traz, na sintaxe e no léxico, os vergalhões da soberba, da ignomínia e do nojo. Mas só os profissionais da palavra estão aptos a senti-los com absoluta fineza. Quando podem, alijam, de vez, a língua e o mal. O que é difícil. O mundo é pequeno e as línguas de cultura se não estão já estiveram a serviço da opressão, da tortura e da morte. E, afinal, a beleza também se expressou em todas elas e nenhuma houve que não nos desse a conhecer o bem, a verdade e a justiça.
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