sábado, 4 de agosto de 2012

Carne e sentidos


A grande revolução da culinária da segunda metade do século XVII considera o homem - "feito de carne e de sentidos"- como alvo de suas criações. A cozinha favorece respostas naturais aos estímulos, liberando-o do narcisismo estéril. Fechado em si mesmo, de que vive ele? Que respira? Que vê? Que apalpa? Que ouve? À mesa, rompe-se o isolamento: o homem comunica-se com o mundo que vem até ele sob forma de comida. O distante se torna próximo e o que era objeto se assimila ao sujeito, mercê do dom da "mastigação".


QUEIROZ, Maria José de. A comida e a cozinha: iniciação à arte de comer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988. p. 54.  

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