Incluída pela Igreja entre os pecados mortais, a gourmandise desvincula-se do vício para elevar-se, na Fisiologia do gosto, a apanágio do homem (a tradução ao português seria, nesse caso, gulodice e não gula). Para Brillat-Savarin ela se opõe à gula latina: inimiga de todo excesso, caracteriza-se pela preferência, embora apaixonada, por tudo quanto lisonjeie o gosto. Graças a ela, as especiarias atravessam a terra de um a outro pólo, os vinhos e licores são exportados aos cinco continentes. É ela que atribui preço proporcional às coisas que são medíocres, boas ou excelentes, seja porque suas qualidades provem da arte, seja porque a própria natureza assim as criou.
QUEIROZ, Maria José de. A comida e a cozinha: iniciação à arte de comer. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1988. p. 101.
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