domingo, 31 de março de 2013
Na perplexidade do naufrágio
"Nem tormenta nem tormento
nos poderia parar
(Muitas velas. Muitos remos
Âncora é outro falar...)
Andamos entre água e vento
procurando o Rei do Mar" (Cecília Meireles)
Na perplexidade
do naufrágio,
as derrotas
de alma
e alma.
No desvario
da bússola,
velas em pânico,
o desespero
do seguro porto.
Nas âncoras distantes,
o apelo da terra,
de terreno pranto
e terrestre pena.
No reencontro
a mundificação da alma
no lustral batismmo
dos sentidos.
Oh naufrágios!
Oh naves derrotadas!
Nos olhos
a úmida ternura
e
a
fé
no líquido itinerário
do milagre.
Paris, 3/3/1970
QUEIROZ, Maria José de. Exercício de levitação. Coimbra: Atlântida, 1971. p. 40-41.
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