segunda-feira, 8 de junho de 2020

Música e tradição cultural em Sobre os rios que vão, de Maria José de Queiroz , de Filipe Menezes



Resumo

No romance Sobre os rios que vão, de Maria José de Queiroz, publicado em 1990, destacam-se os vários termos musicais como cravelha, harpejo, afinação, pianissimo. O texto que busca várias referências literárias e bíblicas se ocupa da história de uma família judaica, seus dilemas e embates, num ambiente cultural repleto dos ditados populares sefarditas, os chamados refranes, e o maravilhoso mundo da música erudita e das oficinas de luteria. Em meio aos nomes das famílias de violinos, Amati, Guadagnini e o preciosíssimo Stradivarius, a família Leite, anteriormente Levi, busca na tradição cultural e na música o seu lugar no mundo, a compreensão de seu passado e o desvelo do presente, em meio a brasilidade. Neste artigo buscou-se observar no texto como a música, a musicalidade e a tradição cultural representada pelos ditados populares judaico-sefarditas dos refranes compõem a trama que envolve essa família de imigrantes em busca de sua brasilidade, sem deixar de lado sua herança cultural.
Palavras-chave:
Maria José de Queiroz; Sefarad; Refranes
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Referências

BIBLIA SHEDD. Editor Russell P. Shedd. Trad. João Ferreira de Almeida. 2 ed. Rev e Atual. São Paulo: Vida Nova, 1997.
CAMÕES, Luís. Lírica. São Paulo: Cultrix, 1988.
CARPEAUX, Otto Maria. Uma nova história da música. 2a edição, revista e aumentada. Rio de Janeiro: Ediouro, 1968.
DÍAZ-MAS, Paloma. La literatura oral sefardí: balance del pasado y perspectivas de futuro. Boletín de Literatura Oral, v. extr. n. 1, 2017, p. 79-104.
ESTRUGO, Jose M. Los sefardies. La Habana: Editorial Lex, 1958.
FONTES, Márcio Schiefler. Romances e canções sefarditas dos séculos XV a XX traduzidos do judeu-espanhol. Scientia Traductionis, n. 2, UFSC, Florianópolis, 2006.
HIRSCH, Marianne. The Generation of Postmemory: Writing and Visual Culture After the Holocaust. New York: Columbia University Press, 2012.
QUEIROZ, Maria José de. Sobre os rios que vão. Rio de Janeiro: Atheneu-Cultura, 1990.
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Trad. Rosa Freire Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
Artigo completo: https://periodicos.ufmg.br/index.php/maaravi/article/view/21713

quinta-feira, 14 de maio de 2020

O sabor inigualável da poesia de Maria José de Queiroz, de Lyslei Nascimento

Veronica Veronese, de Dante Gabriel Rossetti, 187

Lyslei Nascimento
UFMG

O primeiro livro de poesia de Maria José de Queiroz, Exercício de levitação, foi publicado em 1971, em Coimbra. [1] Além de revelar uma busca quase mística pela palavra essencial, essa coleção de poemas constitui-se como uma profissão de fé da poetisa. A levitação, a sensação de voar ou flutuar, tem, em vários deles, um pendor metalinguístico, ou seja, uma tendência do texto de falar sobre sua própria construção. Digna de nota é a leveza presente em “Receita para fabricar outono” e “Supérfluo”. No primeiro poema, o verso “verbo de dilatada ressonância” se abre e faz ecoar os sentidos; já em “um inverno monologal”, ele se fecha e sugere um solilóquio. Ambos insinuam o paradoxo da palavra e da voz entre a exatidão e a multiplicidade. No segundo poema, um jogo entre os vocábulos “fluir” e “fruir” revela a voz que brota, tem um percurso e apresenta, numa potencialidade irredutível, a poesia, a posse e o prazer.
Em Exercício de gravitação, publicado em 1972, também em Portugal,[2] a notação poética gravita sob o signo de Jorge Luis Borges, para quem “um livro é todos os livros” e o passado, o presente e o futuro “concentram-se no segundo de insaciável relógio”. Por isso, a leitura imprescindível de “Eterno retorno”, “Em tempo e ritmo de tango” e “A serviço do verbo”. No primeiro poema, o mito pode ser vislumbrado no relógio, “metrônomo irritante” a devorar o tempo: “tudo pesado, contado, distribuído”; no segundo, a música e o tango conferem ao texto ritmo e desenvoltura; e, no último, a voz lírica confessa a fascinação pela palavra, encarada como um “milagre cotidiano”, “herança, por páginas semeadas” e “verso, maduro”.
Entre um exercício e outro, surge, em 1973, a coletânea Como me contaram: fábulas historiais, publicada em Belo Horizonte.[3] Híbrido, multiforme, esse conjunto de poemas, narrativas curtas e a lírica inscrição de uma lápide se abre com o poema “Minas Gerais, “Estado d’alma”, em homenagem a Manuel Bandeira, e se fecha com “Minas além do som, Minas Gerais”, dedicado a Carlos Drummond de Andrade. Desde os títulos, o leitor percebe que está diante da inscrição de Minas e de dois poetas maiores como os guardiões dos textos que, entre um e outro, revelam, a partir dos títulos das cidades de Minas – São João del-Rey, Pitangui –, ou muito além da história, da geografia, dos documentos e registros oficiais. A poesia, é preciso registrar, não aparece somente nos poemas, ela está implícita, também, nos textos em prosa e no epitáfio magnífico e inesquecível para Maria Brites, em “Mariana, 1752”.
Em 1974, a poesia acontece com o título de Exercício de fiandeira, outra publicação em terras lusitanas.[4] Sob um ritmo alucinado, “fia, fia, fiandeira, tua roca em monotonia”, a voz lírica, em “malhas de ponto largo” e “fuso de fio inconsútil”, tece, enovela, corta e arremata, como no poema “Fiandeira de longo fio”. As mulheres da Inconfidência, tecelãs de vária história, comparecem duas moiras iluminadas: Chica da Silva e Marília de Dirceu, ambas a desenredar velhos novelos, corrigir passados enganosos e desencantar amores. Outras mulheres, outros fios: Penélope, Dido e Helena, entrelaçadas na biografia, com linhas e rendas encontram-se nas montanhas de Minas.
Do latim, Maria José de Queiroz explora, poeticamente, o Resgate do real: amor e morte, publicado em 1978, em Coimbra.[5] Ao traçar “itinerários da morte”, nas mais variadas culturas e em múltiplos significados, de Osíris ao canto do cisne, a poetisa constrói uma série de poemas na qual o fim da existência é cantado e decantado, no sentido de elogiar e, também, no de remover os excessos ou impurezas. Nesse sentido, amor, amoris, amorem, amori, amore são, sobretudo, declinações, formas de se inscrever no amor, na vida, a fim de resgatar do frio do esquecimento, da afasia, da solidão e da morte, o poeta, o enamorado.
Em Para que serve um arco-íris?, escrito no verão de 1974, em Paris, e publicado em 1982, em Belo Horizonte,[6] a escritora manipula, no sentido alquímico, palavras, sons e imagens. Esses elementos deixam entrever um apelo aos sentidos do leitor. O arco-íris, metáfora da poesia, na imagem bíblica da aliança celeste, com suas faixas coloridas que aparecem na dispersão da luz do sol nas gotas da chuva, sugere, na pergunta do título, um questionamento essencial sobre a função da palavra poética.
A memória é, na coletânea Desde longe, publicada em 2016,[7] e em segunda edição, em 2020,[8] fio inconsútil que entretece o passado, o presente e o futuro. Na infância, os vestígios do pai, perdido no tempo; as mãos carinhosas da avó, florista em Belo Horizonte; a âncora e o porto, que era a mãe da escritora; no presente, mesas, pratos, casas vazias; e no futuro, a escrita do verso lúcido, apaixonado e vibrante.
Os leitores acostumados à prosa vigorosa da escritora, como em Homem de sete partidas (1980[9] e 1999[10]); Joaquina, filha do Tiradentes (1987,[11] 1991,[12] 1997,[13] 2017[14]) e Terra incógnita (2019), só para citar alguns dos seus premiados romances, irão penetrar no reino crepuscular da construção do estado lírico-biográfico da matéria, que é a poesia.
Se, na prosa, o estilo, a dicção e a monumental invenção da autora se aproximam de uma partitura musical; na poesia, muito mais, o verso revela, em sua visibilidade rítmica, em um concerto de vozes, num processamento de sinais, visíveis e invisíveis, o sabor inigualável do verbo.



[1] QUEIROZ, Maria José de. Exercício de levitação. Coimbra: Atlântida, 1971.
[2] QUEIROZ, Maria José de. Exercício de gravitação. Coimbra: Atlântida, 1972.
[3] QUEIROZ, Maria José de. Como me contaram: fábulas historiais. Imprensa/Publicações: 1973.
[4] QUEIROZ, Maria José de. Exercício de fiandeira. Coimbra: Atlântida, 1974.
[5] QUEIROZ, Maria José de. Resgate do real: amor e morte. Coimbra: Atlântida, 1978.
[6] QUEIROZ, Maria José de. Para que serve um arco-íris? Belo Horizonte: Imprensa Universitária, 1982.
[7] QUEIROZ, Maria José de. Desde longe. 1ª. Rio de Janeiro: Gramma, 2016;
[8] QUEIROZ, Maria José de. Desde longe. 2ª. ed. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2020.
[9] QUEIROZ, Maria José de. Homem de sete partidas. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
[10] QUEIROZ, Maria José de. Homem de sete partidas. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.
[11] QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. 1ª. ed. São Paulo: Marco Zero, 1987.
[12] QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. 2ª. ed. São Paulo: Círculo do Livro, 1991.
[13] QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.
[14] QUEIROZ, Maria José de. Joaquina, filha do Tiradentes. 4ª. ed. [e-book]. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Nova edição de "Desde longe" de Maria José de Queiroz


 

A Caravana Grupo Editorial vem publicando livros inéditos e relançando títulos da vasta produção de Maria José de Queiroz, com vistas a divulgar sua obra, bem como preservá-la. Entre elas, está a reunião de poemas Desde longe, cuja apresentação, nessa nova edição, é de Rogério Faria Tavares, Presidente da Academia Mineira de Letras. Para o acadêmico:

"Entregue, desde cedo, ao destino que a vida lhe reservou, Maria José de Queiroz vem servindo, incansável, com excelência e rigor, às causas da Educação e da Literatura. Mais jovem Professor Catedrático do Brasil (conquistou tal posição aos vinte e seis anos), lecionou na Universidade Federal de Minas Gerais e deu aulas nos centros acadêmicos mais importantes do mundo, havendo formado várias gerações.

Como ensaísta, notabilizou-se pela erudição, o raciocínio preciso, o texto claro e agradável, a riqueza vocabular. Seu impressionante fôlego como pesquisadora resultou em trabalhos de grande envergadura, como A literatura encarcerada (em boa hora reeditado pela Caravana Grupo Editorial, em 2019); A literatura e o gozo impuro da comida (1994); Os males da ausência ou A literatura do exílio (1998) e Em nome da pobreza (2006). A memorialista do precioso O livro de minha mãe, de 2014, é, ainda, a romancista, entre outros, de Joaquina, filha do Tiradentes (1992) e Terra incógnita (que a Caravana também lançou em 2019).

Ocupante da cadeira de número quarenta da Academia Mineira de Letras, onde sucedeu a Afonso Pena Junior, Maria José de Queiroz estreou na Poesia com Exercício de levitação (1971), ao qual se seguiram Exercício de gravitação (1972), Exercício de fiandeira (1974), Resgate do real, amor e morte (1978) e Para que serve um arco-íris (1982). Desde longe, publicado pela primeira vez em 2016, volta agora a circular, beneficiado por elegante projeto gráfico.

De forte cunho autobiográfico, reúne versos inspirados na própria trajetória de Maria José, desde a infância, marcada pela morte prematura do pai, até a maturidade, assaltada pela terrível perda da mãe, dona Honória, razões pelas quais a dor e a saudade estão presentes em tantos de seus delicados momentos. O olhar refinado sobre a história, o mundo e as suas diferentes culturas também deixa as suas impressões nas páginas que os leitores começam a folhear agora.

Seduzido pelo universo poético erguido por Maria José, comecei a ler esse livro e não consegui parar, capturado pela sua beleza, sua sofisticação e, sobretudo, por sua sensibilidade. Melhores que essa primeira leitura, no entanto, serão as releituras, como merecem as obras complexas, que não se revelam de imediato em todos os seus segredos. Para elas – que provavelmente me acompanharão vida afora
já me sinto estimulado, desde logo".

#Caravana
#DesdeLonge
#MariaJoséDeQueiroz
— com Lyslei Nascimento.

Lançamento de: Tecer o visível e entretecer o invisível: as cidades invisíveis em Italo Calvino e Maria José de Queiroz, de Maria Silvia Guimarães Duarte


O romance As cidades invisíveis, publicado em 1972, por Italo Calvino, e a coletânea Como me contaram: fábulas historiais, de 1973, de Maria José de Queiroz, são objeto de estudo neste belo e revelador ensaio de Maria Silvia Duarte Guimarães.

Ao aproximar os dois escritores – ele italiano, ela brasileira – estrategicamente, a ensaísta puxa o fio comparatista e põe em relevo, as cidades e suas histórias, a memória e suas personagens, no exercício do contar histórias, narrar o visível e o invisível.

Se em Calvino, o enredo gira em torno do imperador Kublai Khan e do mercador Marco Polo, que viaja pelo império dos tártaros e, ao retornar, descreve ao soberano, com lirismo e encantamento, as cidades que visitou; em Queiroz, o delicado mapa que se abre diante do leitor é o de Minas Gerais, com seus íntimos, intrincados e universais emaranhados de fios, que, em prosa e em poesia, deixam vislumbrar a história nossa de cada dia", aponta Lyslei Nascimento, professora da UFMG, sobre o trabalho que, em breve, terá sua pré-venda no site da editora.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Encontro na Academia Mineira de Letras

(Fotografia: Guto Côrtes)
Encontro raro marcou reunião de acadêmicos na Academia Mineira de Letras

(Helvécio Carlos - Estado de Minas 04/12/2019)

Rogério Tavares (Presidente da Academia Mineira de Letras e Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Presidente da CNBB, ladeando Maria José de Queiroz, ocupante da cadeira de número 40 da AML)

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Homenagem a Maria José de Queiroz na Academia Mineira de Letras (20/11/2019)

Maria José de Queiroz e o Presidente da Academia Mineira de Letras Rogério Tavares (Fotografia: Diego Andrade)
Maria José de Queiroz ladeeada por Lyslei Nascimento e Leonardo Costa Neto, da Caravana Grupo Editorial, nova editora da autora (Fotografia: Diego Andrade)

Maria José de Queiroz ladeada pelos pesquisadores da UFMG: Maria Silva Guimarães, Filipe Meezes, André Souza e Maria Lúcia Barbosa (Fotografia: Diego Andrade)
https://photos.google.com/share/AF1QipPYeIlRit_tw5MOstphaI8nWwLTLAQIkx_08eI4MLcAPfE8mc50tlVh6Jv54kaW9w?key=cDRyNzZEX1BjTUxIdjV1aXVqajEyZTI2ZzRBWWx3

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Leia e ouça um trecho de A literatura encarcerada, de Maria José de Queiroz



Trecho de A literatura encarcerada, de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2019.   
Leitura: Breno Fonseca (Faculdade de Letras da UFMG)

***
 
Sabemos, de longa data, que a detenção e a prisão, as torturas e a solitária, a perseguição e o degredo nem sempre reduzem ao silêncio quantos os padecem. Boécio e Paulo de Tarso, condenados ao cárcere, Dante, ao exílio, Galileu, à abjuração, Campanella, à masmorra, Giordano Bruno, à fogueira, Dostoiévski, ao fuzilamen-to, Marc Bloch, ao campo de concentração, Albert Speer, a vinte anos de pena em Spandau, introduziram na história do crime o ritual político e religioso do castigo. Frei Luís de León e Padre Antônio Vieira, vítimas da Inquisição, Cervantes, cativo dos mouros na Argélia, e dos seus credores em Sevilha, Silvio Pellico, arrastado da Itália à fortaleza de Spielberg, elevam à imortalidade da ignomínia os executores das suas sentenças. Gorki, Köestler e Trotski, Siniavski e Soljenítsin, Oscar Wilde e Cummings, Sarmiento e Martí, Gramsci e Charles Maurras, Nerval e Apollinaire, Camilo Castello Branco, Maurício de Lacerda, Evaristo de Moraes, Monteiro Lobato e Graciliano Ramos, Mário Lago, Frei Betto, Augusto Boal e Flávia Schilling, desapropriados do corpo, submetidos a torturas físicas e morais, provaram que a imposição da Lei pode transformar-se num mecanismo autônomo, alheio à Justiça e ao Direito. Seus nomes, tomados, entre muitos, ao acaso de nossas leituras, ascendem, mercê da experiência aviltante da perda da identidade, a uma nova classe – a dos sobreviventes da infâmia. Desvanecidos os vínculos que os uniam à arte, à literatura, à sociedade, passam, todos eles, a pertencer a história mais vasta – a história universal da injúria. Ou, como quer Soljenítsin, diríamos que para eles se inventou talvez um lugar especial no inferno: o “Primeiro Círculo” de A divina comédia.
 
Não convém, isso posto, abordar-lhes os escritos do cárcere com o mesmo interesse estético com que nos aproximamos de suas obras. Tolhido na sua liberdade, colhido na rede do poder, o escritor aliena-se ao mando que o subjuga. Estranho à própria inteligência, destituído da identidade pessoal, que o situa no espaço e no tempo, conferindo-lhe o privilégio da palavra, ei-lo à margem do sistema: de infrator, inicialmente, transmuta-se em delinquente; de detento ou subversivo, em dissidente ou revolucionário. Cabe ao regime nomeá-lo, atribuir-lhe número e domicílio, dando início à sagração da infâmia.

Por isso, as páginas escritas nas celas estreitas e mal iluminadas, à míngua de todo estímulo intelectual, nem sempre instruem acerca dos autores, enquanto artistas e criadores. Instruem-nos, sim, na disciplina monstruosa cujo exercício se funda nas prerrogativas do mando. Seu interesse? O protesto, a denúncia, o desabafo. Além de grifar a invencível fortaleza do espírito humano, esses documentos introduzem-nos no território lábil da Justiça e do Direito, permitindo-nos assistir ao ritual celebrado pela consciência do Estado a fim de redimir-se perante a sociedade e a história. Isento de culpa, legítima e imparcialmente, ele se pronuncia, soberano. Inútil refutar-lhe o juízo, fiado na interpretação da lei e na autoridade que emana do poder. Ao réu, ou vítima, destituído de direitos, não se concede a palavra. E, proferida, continuará inédita. Sem qualquer ressonância.

A literatura do cárcere – memórias, cartas, confissões, libelos, denúncias, manifestos – dificilmente logra, por essas e mais graves razões de sigilo, censura ou segurança nacional, divulgação imediata. Se publicada, a distância que a separa do tempo e do lugar de origem age em detrimento da sua eficácia. Destituído do vigor da atualidade, o testemunho político adquire, compensadoramente, importância histórica, arqueológica, às vezes, de nefasta memória.

Essa literatura, estranha às exigências estéticas que informam os textos literários, entroniza capítulo à parte nos estudos de comportamento político. O prisioneiro, dominado pelo sentimento de impotência, desligado do passado e do futuro, obrigado a assumir, no presente, uma nova identidade, nem sempre consegue recuperar o grau de objetividade (ou de lucidez) indispensável para transformar dúvidas e contradições em verdade – a sua verdade. O que vale dizer, a sua versão, equilibrada e real, da experiência vivida. Daí, a falência de muitos. E, sobreleva notar, mesmo o escritor de ofício, inibido pelas condições que o exoneram do papel de espectador, transformando-o em ator, sobre a influência desmoralizadora da prisão. À mercê da máquina carcerária, num diferente aglomerado humano e social, sujeita-se, ao expressar-se, a bem distintas exigências. Ei-lo, portanto, diante do problema da perspectiva teórica a adotar, de vez que a teoria lhe conforma o espírito. Precipitado num meio adverso, como proceder? Não se trata, apenas, de inventar um sistema de relações baseado numa experiência que refoge a todo conhecimento. Trata-se, muito principalmente, de conferir eficácia aos seus atos (ele, homem de palavra). Porque, em momento de exceção, quando se encarceram ideologias e o delito de pensar sofre punição, também o que se escreve deve investir-se da contundência do concreto. A noção de objetividade, a que me referia, não pode ter, nesse domínio, sentido positivo, controlável. É objetividade relativa, em virtude da emergência histórica, social e política que suscita no ator o autor. Nem sempre capaz, no entanto, de realizar a metamorfose seguinte. Qual seja, a da emancipação do escritor. Acreditamos que a maior dificuldade do artista, ou criador, em atingir um conhecimento equilibrado do que é e de quem é, resulte na situação anômala em que se encontra, sendo, ele próprio, parte integrante do todo que determina a significação dos fenômenos e dos mecanismos de comportamento dos seres que com ele convivem. Quase pascalianamente podemos declarar que todas as partes desse mundo – o mundo carcerário – observam uma tal relação e um tal encadeamento entre si, umas com as outras, que seria talvez impossível conhecer uma delas sem a outra e, consequentemente, a razão por que inúmeros prisioneiros optem pela evasão: no mundo de além das grades concentra-se o seu interesse. Dele se nutre a sua ciência, nele se satisfaz a sua sensibilidade. Não o procurou Sócrates no vaso de cicuta?

Leia e ouça um trecho do romance Terra incógnita, de Maria José de Queiroz

Trecho do romance Terra incógnita, de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2019.
Leitura: Katryn Rocha (Faculdade de Letras da UFMG)



***

Terra incognita

Todo marinheiro carrega o vento na bagagem.

Nem pode ser diferente. Os lobos do mar nunca repousam a cabeça no travesseiro das certezas. Estão habituados a ignorar os dramas do cotidiano, a interpretar o amor como farsa indigesta, a afrontar o risco do imprevisível, se desembarcados, continuam a navegar.

E não é só isso: mais que o repouso, desfrutam mesmo, em terra firme, o privilégio da morte adiada. Nesse privilégio, embarcam seus enredos: no cotidiano de cama e mesa, o calendário da temeridade, cujos anos, nos domínios de Netuno, se contam em naufrágios e procelas.

Damião não fugia à regra.

A cada volta ao chão, à casa, com portão e telhado, chave na porta, enovelava novos capítulos à aventura sem fim de sua intimidade com o mar, os peixes, o sal. Porque o mar, só o mar, lar incomensurável, onde tudo cabe, tudo exorbitava. Era seu tema: tema e obsessão, sempre a recomeçar. Mais belo que catedrais, mar ferido, mar salgado, sempre recomeçado.

Em meio a temporais – ondas e vagalhões na imensidão das águas – crepitavam o fogo greguês e o fogo de santelmo – chama azulada, no topo do mastro – a ferir-lhe os olhos, a cabeça, a alma.

Impregnada à saudade do tempo ido, alongava-lhe, no estio, as tardes de mormaço, povoando, na rudeza do inverno, sua insônia e suas miragens.

Relâmpagos e trovões, perdas e naufrágios ilustravam as profecias de Daniel – a dos quatro animais que emergem das profundezas do oceano: o leão com plumagem de águia, o urso com três costelas entre os dentes, o leopardo – o mais terrível entre todos, com quatro cabeças e asas de aves, dez chifres e caninos de ferro – espantoso entre mil espantos. Contudo, nem uma letra escrita: “– Tudo passa, tudo corre”, dizia: – “Omnia fluunt, omnia fluunt...”.

Mas Damião lembrava, sim. Lembrava de tudo: do preceptor, do latim, do grego. À noite, à luz de raios e relâmpagos, desperto, ao espocar da borrasca, por sinos de bronze e gritos de socorro, ocorria-lhe o clamor da fé: “– São Jerônimo! Cruz credo! Santa Bárbara! Ave Maria!”

Tormenta e tormentos: as epopeias de Homero e de Virgílio, a saga de Ulisses, o Odisseu, na Guerra de Troia, e de Eneias, guerreiro troiano, filho de Anquises, o belo, e de Afrodite, deusa do amor, nascida da espuma, e ele, logo ele, simples mortal, exposto, de dezembro a janeiro, à inclemência dos temporais.

Ao revoar das procelárias, nos versos da Ilíada e da Odisseia, Damião vislumbrara o apelo do mar, seus mistérios e sua magia: a infância inteira a sonhar com o jamais visto nem imaginado – o rugir das águas encapeladas, o ribombar dos trovões, o dilúvio implacável a devastar o convés em turbilhão... e, enfim, a revolta da natureza contra a petulância dos que julgam dominá-la.

Eis os fantasmas que iriam dominá-lo vida afora e que haveriam de confundir-se com as páginas de Casimiro, treslidas entre poemas da antiguidade e lendas da terra incognita. Já grumete, o mar representaria, a seus olhos, força e poder.

Na sua mais eloquente acepção, associava o termo formidável ao ímpeto das águas nas calamidades anunciadas por relâmpagos e trovões: à fúria dos elementos, passaria a compreender, no confronto com o belo terrível, a grandeza do formidável. Entre a beleza e o belo, a forma e o formoso, Damião visitava o passado como se revesse o filme da própria vida. Lembrava, sim: lembrava para esquecer.

– Memórias? Não! Pra quê? Memória, memória apenas. Lembrança bastante da existência do demo e prova inda maior da bondade divina. Nada de gatafunho no papel. Por quê? E... por que não? Ora... ora... Não vê que sou filho de Deus? Ainda está pra nascer o cristão que anote no branco da página branca, linha sobre linha, mais alto que a zoeira do motim, as blasfêmias contra a Virgem e contra os santos. E as tempestades? E as velas que ardem? E os ramos sagrados da procissão do Encontro, guardados no oratório para conjurar o demo? E a peste? E a miséria? E o medo? Nada disso é coisa que se copie. Nem se leia. É heresia! É pecado! Demônio rondando, trevas se abrindo... É desabafo, palavra solta que se esquece com raiva e com tristeza, pra depois, muito tempo depois, lembrar e contar: contar de novo, diferente. Praguejando e benzendo-se, rezando, pedindo perdão a Deus pelo pecado... Mas esquecendo, esquecendo... Sempre.

É... faltava-lhe tempo. Faltava-lhe o desejo. Querer com vontade. Isso mesmo. Aquela gana que vem a quem escreve para poder resgatar, em silêncio, o que foi tumulto e violência, ansiedade e alumbramento.

Como enfrentar, sozinho, horas tardias, o vazio da ausência e o vozerio da vida? Como reter, no titubeio da lamparina, a emoção que escapa nas mal traçadas linhas, se lerdos são os dedos e a pena... indecisa?

Diante do acaso, e da fatalidade, em que prosa? Em que poema? Descrever o êxtase do “Terra!”, “Terra à vista!”, ou significar o desespero do “Alerta! A postos! Homem ao mar!”, “Homem ao mar! Não, não há trela capaz de reter num verso, mil versos, o avanço traiçoeiro da maré, nem papel que faça calar, em noite de vendaval, a fúria destruidora das vagas, estrugindo no casco, nas velas, no mastro, o clamor dos naufragados nas derrotas da vida...

Não, Damião não nascera para escrever: nascera para recitar, viva voz, o burburinho, as cores, os cheiros, a alegria, a fúria e o assombro, o ódio e a compaixão, que lhe abarrotavam, frementes, o cofre da memória. Essa, a sua riqueza: partilhada com os amigos diletos, multiplicada pela rosa dos ventos. Suas palavras corriam em catadupa, sem tropeço, da temeridade ao pânico, da coragem à contrição.

O velho marujo desenredava proezas tão surpreendentes quanto as rotas percorridas, tão fascinantes quanto os lugares visitados. Num gesto largo, em que tudo cabia, acenava com lendas e mistérios a terra por descobrir – um abismo sem fundo e sem nome no mapa. “Além, muito além da Taprobana”.

Transportados pelas suas aventuras, os amigos estremeciam ao nefasto reboo de icebergs desatados, queimavam-se no calor de lavas em cascata: o belo e o grandioso num mesmo quadro. No entanto... Como não! Amedrontava-os mais, bem mais que os prodígios desses relatos, as pausas inesperadas, o olhar distante, vago, que traziam à espinha o frio da coisa ruim e da catástrofe, a véspera do luto e das lágrimas.

Milagre? Graça de Deus? Punição? Ou... malefício do diabo?

Ninguém sai vivo, se Deus não é servido, dessas odisseias! – cochichavam. E ao comparar-lhe as viagens com as do Odisseu, o herói de quem o preceptor francês tanto falava, acabavam por entender, numa febril cumplicidade, que o mundo, do Atlântico ao Mar do Norte, do Pacífico ao Índico, tal como o viam dali, daquela sala mal iluminada, era cruel, inóspito e... vasto.

Depois de tantos perigos, que nada tinham de fábula, lá estava ele, são e salvo. Ao fim e ao cabo, respiravam todos, aliviados.

– Pau pra toda obra, pronto pra outra, Damião, vosso criado! – exclamava.

E em tom de desafio:

– Quem tiver coragem, monte a bordo! A mesa não é farta, mas o pescado salta ao prato!

– E... onde é que isso acontece? Quando?

– Pois... pois... Sempre! Em dia de maré ou maremoto.

Ninguém, é claro, se abalava a acompanhá-lo. O repto se perdia no ar, sem resposta. Mas os que sobreviviam aos desastres e naufrágios, mais reais que se presenciados, davam testemunho de que o orgulho, só o orgulho, o preservara da rendição ultrajante e da morte.

Era notório. Diferente da força bruta, superior, muito superior à tenacidade, a fé em si mesmo e na sua boa estrela – mais que uma estrela, uma constelação! – jamais o abandonara.

Ao resgate dos horrores de que saíra vitorioso, redobrava em confiança, energia e coragem. O passado vivido, e revisto, esse, sim, o seu melhor espelho. Espelho em que se contemplava inteiro, para o que desse e viesse: de pé.

À imagem refletida, Damião talvez perguntasse:

– Espelho meu, espelho meu, haverá marinheiro mais valente que eu?

Vamos à sua vida: mais curiosa, talvez, que os enredos fabulosos em que ele próprio se metia ao recordá-la.

Lançamento de Terra incógnita (romance) e A literatura encarcerada (ensaio) na AML

BOX COMEMORATIVO MARIA JOSÉ DE QUEIROZ

Na próxima quarta-feira, dia 20/11, a escritora Maria José de Queiroz será homenageada pelos seus 50 anos como Membro da Academia Mineira de Letras. Na ocasião, a Caravana Grupo Editorial lançará, em edição revista e atualizada, o ensaio A literatura encarcerada e o romance inédito Terra incógnita

Venda do box comemorativo: https://pag.ae/7Vt7KxK4n

Exposição - Maria José de Queiroz: da Biblioteca à Academia


domingo, 17 de novembro de 2019

Maria José de Queiroz no Manual de sobrevivência, de Angelo Machado



Referência a Literatura e o gozo impuro da comida, 1994, de Maria José de Queiroz, no excelente Manual de sobrevivência em recepções e coquetéis com bufê escasso, de Angelo Machado.

 ***
O livro de ensaios A literatura e o gozo impuro da comida trata das relações entre a bibliografia literária e a comida. Antes, Maria José de Queiroz publicou A comida e a cozinha, ou Iniciação à arte de comer, em 1988, e sobre ele Guilherme de Figueiredo afirmou: “primeiro livro brasileiro de gastrologia: de evolução da arte culinária associada à arte da gastronomia”. Sua segunda publicação no tema da culinária também é “obra inaugural”, segundo Isaac Cohen, da Quinzaine Littéraire. Para o crítico, trata-se de um ensaio sobre o sistema da comida nas suas relações com a palavra: ambiguidade, apetite, prazer, fome, glutonaria. “Mercê do testemunho dos grandes autores, [acrescenta Cohen] penetramos no ventre da humanidade. E experimentamos, na sua companhia, todos os prazeres do palato e do olfato: com as personagens de Homero, na Ilíada e na 'Odisseia; com Sócrates e Alcibíades, no Simpósio; na Roma de Nero, com Petrônio. [...] Embora intrusa no banquete da civilização, a cultura brasileira também sucumbe à mesa de Aluísio de Azevedo, de Raul Pompéia e, até mesmo, quem diria?, à mesa do dispéptico Machado de Assis. Do canibalismo futurista e modernista, passamos às grandes ilhas gastronômicas do Brasil: com José Lins do Rego, Jorge Amado, Pedro Nava e Érico Veríssimo.” Para além dessa avaliação, o livro de Maria José de Queiroz, abre inúmeras possibilidades de relação entre literatura, cultura e comida.  (Lyslei Nascimento)



sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Lançamento do romance "Terra incógnita", de Maria José de Queiroz


"No porto do Rio de Janeiro, um grande cargueiro aguarda ordem para levantar âncora e tomar o destino da Europa. A bordo, índios, negros e brancos acabam de carregá-lo com toneladas de pau-brasil, além de arcas de ouro das Minas Gerais. Um menino, fugindo de aulas enfadonhas e dos maus tratos do pai, sobe a bordo sem ser notado. Clandestino, ele se esgueira por um corredor escuro, úmido e malcheiroso. Assim começam as aventuras de Damião. Ao sabor de mil e uma peripécias e façanhas que só quem viaja, no livro e na fantasia, pode viver, ele irá inventar tantas histórias quantas as mil e uma noites podem proporcionar".

O lançamento de Terra incógnita, romance inédito da professora Maria José de Queiroz, pela nova coleção do Caravana Grupo Editorial, #Odisseia, marca os 50 anos da autora como Membro da Academia Mineira de Letras.

A sessão de homenagem a Maria José de Queiroz foi realizada no dia 20/11/2019, quinta-feira, às 19h30, na Academia Mineira de Letras.


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Uma das máquinas de escrever de Maria José de Queiroz e a gata Maria Josefina Bonaparte


Fotografias: Diego Andrade (Caravana Grupo Editorial)

Lançamento de "A literatura encarcerada", edição revista e atualizada), pela Caravana Grupo Editorial

Os estudos fundamentais de Maria José de Queiroz sobre escritores que produziram sua obra na prisão, aliados a uma profunda reflexão sobre a liberdade, a literatura e a vida, fazem deste livro um marco na crítica humanista do Brasil.




Lançamento: 20 de novembro de 2019, na Academia Mineira de Letras, quando a escritora foi homenageada por seus 50 anos como acadêmica.

domingo, 27 de outubro de 2019



Fortuna crítica sobre Maria José de Queiroz (2019)

ASSIS, Luciara Lourdes Silva de. Maria José de Queiroz. In: DUARTE, Constância Lima (Org.). Mulheres em Letras: antologia de escritoras mineiras. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2008.
BARBOSA, Maria Lúcia. Amor cruel, amor vingador: eis o enigma. In: DUARTE, Constância Lima, et all (Org.). Arquivos femininos: literatura, valores, sentidos. Ilha de Santa Catarina: Ed. Mulheres, 2014.
BARBOSA, Maria Lúcia Barbosa. História e Memória na ficção de Maria José de Queiroz. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/LETR-B45FCZ.
MARIA JOSÉ DE QUEIROZ. COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico de escritoras brasileiras. São Paulo: Escrituras, 2002.
COELHO, Haydée Ribeiro. Representação feminina e construção da identidade em Ano novo, vida nova de Maria José de Queiroz. In: SCHMIDT, Rita Terezinha (Org.) Mulheres e literatura:  (Trans) Formando Identidades. Porto Alegre: Ed. Palloti, 1997.
CLEMENTE, José. Como me contaram. Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 jul. 1973, p. 1.
FARIA, Marcone de Souza. Cadeias afetivas: a escrita enciclopédica no ensaio de Maria José de Queiroz. Monografia (Conclusão de curso) – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.
FRANÇA, Eurico Nogueira. Maria José de Queiroz: Joaquina, filha do Tiradentes. Colóquio/Letras, n. 107, jan. fev., 1989.
FIÚZA, Nadiny Prates. Figurações do masculino em Invenção a duas vozes, de Maria José de Queiroz. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários, Universidade de Montes Claros, Montes Claros, 2019.
GUIMARÃES, Maria Sílvia Duarte. Tecer o visível e entretecer o invisível: As Cidades invisíveis, de Italo Calvino, e Como me contaram: fábulas historiais, de Maria José de Queiroz. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/LETR-BDWG58
GUND, Ivana Teixeira Figueiredo. Sabores e saberes de Paris: Maria José de Queiroz. Anais do VI Colóquio Mulheres em Letras.  Belo Horizonte: Faculdade de Letras – UFMG, abril, 2014.
LEITE, Verônica Gomes Olegário. A representação das cidades em Como me contaram... fábulas historiais. Anais do VI Colóquio Mulheres em Letras. Belo Horizonte: Faculdade de Letras – UFMG, abril, 2014.
LUCAS, Fábio. O Tiradentes de cada um. Leitura. São Paulo, 8 jul. 1989, p. 13.
MENGOZZI, Frederico. Um nome para esquecer: Joaquina. Jornal de Letras, 16 jul. 1989, Destaque Cultural, p. 2.
NASCIMENTO, Lyslei. Exercício de fiandeira: uma análise do romance Joaquina, filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz. (Dissertação de Mestrado). Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UFMG, 1995. Disponível em:
NASCIMENTO, Lyslei. Nos bastidores da Inconfidência Mineira. Hoje em Dia, Belo Horizonte, 29 de junho de 1997, p. 3.
NASCIMENTO, Lyslei. Os males da ausência, de Maria José de Queiroz. In:  DUARTE, Constância Lima (Org.). Gênero e representação na literatura brasileira. Belo Horizonte, FALE/UFMG, 2002.
NASCIMENTO, Lyslei. Maria José de Queiroz: artesã da palavra, uma videografia literária. In: DUARTE, Constância Lima (Org.). Arquivos femininos: literatura, valores, sentidos.  Florianópolis: Ed. Mulheres, 2014.
NASCIMENTO, Lyslei. Cópias, bordados e manuscritos em Joaquina, filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz. In: DUARTE, Constância Lima (Org.). Poéticas do feminino. Belo Horizonte: Idea Editora, 2018. p. 141-160.
NASCIMENTO, Lesle. Maria José de Queiroz: artesã da palavra. Vídeo. Belo Horizonte: Graphê, 2013. 55min. 
NASCIMENTO, Lyslei. Maria José de Queiroz. In: ANDRE, Maria Claudia; BUENO, Eva Paulino (Ed.). Latin American Women Writers: an enciclopedia. New York/London, 2008. p. 433-435.
OLIVEIRA, Alaíde Lisboa de. Impressões de leitura. Belo Horizonte: Cuatiara, 1996.
OLIVEIRA, Késia. Maria José de Queiroz e o diabo na livraria do cônego. In: III COLÓQUIO MULHERES EM LETRAS / I ENCONTRO NACIONAL MULHERES EM LETRAS: ESCRITORAS DE ONTEM E HOJE, 3, 2011, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2011. p. 1-8.
OLIVEIRA, Késia. O crime e o discurso amoroso em Maria José de Queiroz. Anais do VI Colóquio Mulheres em Letras. Belo Horizonte: Faculdade de Letras – UFMG, abril, 2014.
PINTO, André de Souza. Genealogias e herança: Homem de sete partidas, de Maria José de Queiroz. Anais do VI Colóquio Mulheres em Letras. Belo Horizonte: Faculdade de Letras – UFMG, abril, 2014.
SILVA, Zina Bellodi. O conflito que a história esqueceu. Afinal. São Paulo, 31 mai. 1986, n. 196. p. 23.
SILVA, Zina Bellodi. Joaquina, a filha do Tiradentes. Inconfidência Mineira. Leitura, São Paulo, 8 nov. 1988.
VILLAS-BOAS, Luciana. Obra injustiçada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Informe/Ideias, 17 set. 1994, p. 2.