Antes das primeiras referências às suas relações com Israel, essa grande cidade da Mesopotâmia já aparece na história sagrada. Porquanto Babel é nome hebreu de Babilônia, a famosa torre de que fala o Gênesis, onde "o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra e foi também dali que o Senhor os dispersou por toda a terra (Gn 11:1-9). Símbolo da idolatria, a torre (que é a torre de escadas do templo de Babilônia - ziggurat) figura, por extensão, o orgulho humano. E a tradição bíblica assimila a descomunal dimensão de tão inútil projeto à confusão das línguas; ao destruir a torre, Deus castiga a vaidade e o orgulho dos homens. (...) Os rios que correm de Babilônia se engrossam então com as lágrimas do degredo (Sl 137 ou 136). Entretanto, ainda que padecido como castigo, o exílio visa a um bem maior: o perdão. Sair de Babilônia significa não só a libertação como também, e principalmente, a remissão do pecado e a renovação da aliança com Deus. À ordem de deixar a cidade - "Saiam de Babilônia!"(Jr 50:8), "Em nada toquem de impuro!" (Is 52:11) - sabe-se chegada a hora de seguir para Jerusalém. Com o coração novo, o povo de Israel apresenta-se para o regresso: "o regresso dos dispersos".
QUEIROZ, Maria José de. Introdução. In: ______. Os males da ausência ou A literatura do exílio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. p. 23-24.
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