A Grécia autorizou, muito coerentemente, que se prestigiassem, ao lado dos seus sete sábios, os seus sete cozinheiros. O maior deles, ao que nos conta Eça de Queirós, era Aegis, de Rodes, o único mortal que sabia assar sublimemente um peixe. (...) Entre os romanos as escolas de cozinha eram mais numerosas (já sob Cláudio) que as de filosofia e de gramática. (...) De todos esses cozinheiros, os mais notáveis foram os Apicus. O último deles, o mais célebre de tão ilustre estirpe, foi quem redigiu, para a glória da cozinha da Antiguidade, a obra monumental, Da arte culinaria - Re culinaria, que inclui copioso receituário das iguarias em voga e que nos oferece um vasto panorama das preferências alimentares dos romanos (...). À leitura da Arte culinária de Apicus convencemo-nos da propriedade da observação de Carême quanto à importância da cozinha. Sentenciava com sabedoria o mais afamados dos tratadistas franceses: "Quando não houver cozinha no mundo, não haverá literatura, nem inteligência brilhante e rápida, nem inspiração, nem relações duradouras; não haverá tampouco unidade social." Tudo isso se aprende nas entrelinhas dos livros que tratam de cozinha e de gastronomia.
QUEIROZ, Maria José de. Da arte culinária à gastronomia. In: ______. A comida e a cozinha ou Iniciação à arte de comer. Rio de Janeiro: Forense, 1988. p. 62-63.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário: